Herança maldita ou desculpas para a mesmice?


Por Célio Barcellos

Era o ano de 1820 quando um panfleto malcriado causou indignação nas ruas do Rio de Janeiro. A pressão era dos revoltosos que exigiam o retorno imediato do rei D. João VI a Portugal. Segundo citação de José Murilo de Carvalho em seu artigo, “O motivo edênico no imaginário social brasileiro”, publicado na Revista de Ciências Sociais, outubro de 1998; o panfleto questionava onde o monarca queria viver – se na “terra dos macacos, dos pretos e das serpentes, ou o país de gente branca, dos povos civilizados, e amantes do seu Soberano”.
 
Infelizmente, carregamos uma herança maldita. Talvez você se pergunte: e se tivéssemos sido colonizados por outro povo? Seriamos um país de primeiro mundo e de primeira grandeza? Talvez até poderíamos ter avançado em outras áreas, mas, provavelmente não seriamos esse gigante Brasil.
 
Na realidade, os conquistadores não eram tão bonzinhos, eles tinham interesses econômicos. O fato de alguns povos serem mais tolerantes, não, o isentam de proveitos e interesses próprios. Por exemplo: a mesma Inglaterra colonizadora dos Estados Unidos, colonizou a Jamaica e há um imenso hiato entre as duas nações.
 
O que de fato, o Brasil deveria se preocupar, é elevar a autoestima de seu povo e criar mecanismos para o seu progresso. Culpar os problemas atuais por nossa herança colonial portuguesa é desculpas para continuar na mesmice. É preciso um “alinhamento de sistemas”, tanto por parte dos líderes quanto da população.
 
Recentemente, participei de um treinamento da Franklin Covey com o objetivo de “esclarecer propósitos”, “alinhar sistemas”, e “liberar talentos”. Não sou o mais indicado para falar do assunto, mas, me encantei com a proposta e me propus a usar no meu cotidiano, desejando o mesmo para o Brasil.
 
Descobri nesse treinamento, que é preciso ser um construtor de “Metas Crucialmente Importantes” (MCI). E o pontapé inicial, é avaliar as “Medidas Históricas” que tem a ver com o passado e as “Medida de Direção” que predizem resultados futuros.
 
Pois bem, os revoltosos dos dias imperiais, em sua ignorância e até preconceitosos, se utilizaram do “politicamente correto” de outrora. No entanto, o que seria de Portugal sem o Brasil? Para os críticos de plantão, o que seria do Brasil sem Portugal? Devemos ao Império Católico Português, a unidade federativa dessa nação, que possui dimensões continentais. Do contrário, seríamos várias nações fragmentadas num vasto território.
 
O Brasil só não é influência maior no mundo, devido a seus governantes e a seu próprio povo. As artimanhas coloniais ultrapassadas de domínio, protecionismo e “status quo”, impedem avanços maiores. Faz com que esse gigante, mesmo sendo a “sétima economia” mundial, tenha sentimentos de “vira-lata”. Não adianta culpar a colonização católica em detrimento da protestante. O passado já conhecemos. Precisamos definir o que queremos para já?!
 
Uma boa dica para os lideres, é amar os seu liderados. E amar os liderados, exige sacrifícios na própria carne. O país precisa de “Medidas de Direção”, pois as históricas já conhecemos. Que tal começar pela barreira da língua? Já será um bom início, pois conversaremos de igual para igual. Riquezas, o país tem para isso e muito mais! E....para os revoltosos de plantão! aqui, há mais que “macacos, negros e serpentes”. O que falta a esse gigante, são mais caminhos, que integrem os seus ilhados ao continente.
 


 
 

 
 
 
 
 
 
 
 

 

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