A beleza está nas cores


Por Célio Barcellos

Ao ler o relato da jovem cantora Ludmilla, fui motivado a escrever mais um texto sobre esse assunto tão recorrente e repugnante chamado racismo. Como, seres humanos esclarecidos, muitos deles até formadores de opinião, são capazes de algo tão infame. Não conheço a Ludmilla e por incrível que pareça, apesar desse mundo midiático e tecnológico, não a vi cantar.

 Normalmente, essa tortura se torna notória quando atinge pessoas conhecidas. A própria cantora diz: “Depois da fama, os ataques aumentaram”. Notem bem! Aumentaram. Ela não diz que não existiam. Assim como ela, tantos outros homens e mulheres negros, se viram vítimas de seres cruéis, vociferando de pronto ataque em palavras assassinas. 

 É lamentável! Infelizmente, ainda teremos de conviver com situações deploráveis como essa. Que bom seria se de fato, não mais existissem essas barbaridades que consomem e destroem personalidades. Quantas crianças, jovens e adultos, possivelmente já tenham tirado a própria vida por agressões como essa?

 Às vezes, viajo na imaginação de minhas origens. Sou de um lugar lindo e maravilhoso chamado Itaúnas. Uma bucólica Vila do litoral norte capixaba, localizada no Município de Conceição da Barra. Ali, em meio a rio, dunas e mar, cresci e aprendi a respeitar as pessoas.  Em minha casa, os meus saudosos avós jamais, caçoaram nesse sentido ou me incentivaram a esse ato insano.

 Durante as ferias, resolvi visitar, o que à época era conhecido como "Sertão de Itaúnas. As localidades de “Córrego Grande”, “Estiva" e "Comercinho dos Parentes”, totalmente tomadas por eucalipto, mas que ainda guardam raríssimos moradores, como o Manoel Viana, que eu só conhecia por causos contados por meus avós, mas que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. Um mulato, de 82 anos e gente finíssima. Chegou até brincar que namorou com a minha mãe.

 Pense numa prosa boa! Para mim, muito libertadora, pois era conhecimento que estava somente em meu imaginário. Daquela conversa, surgiu a possibilidade de rever um tio avô, por nome Floriano, também mulato. Que por sinal, oportunizou conhecer os seus netos que eram brancos dos olhos verdes. Uma das suas netas, se parecia com minha filha, que possui olhos verdes e cabelos crespos. Eu sou filho de negro e branca. Minha esposa é filha de branca e ascendente de índio que por conseguinte, tinha avó francesa dos olhos azuis.

 Se porventura, você que está lendo esse texto, em algum momento ousar a querer falar ou praticar atos de racismo, em primeiro lugar, nem pense, pois quem está diante de você é um ser humano igual a você. Depois, procure sondar as suas origens. Você perceberá que, a sua raça, se é que ela existe, não é tão pura o quanto você imagina. 

 Ah, só para efeito de curiosidade, o Ser mais puro dessa terra, chamado Jesus Cristo, vem de uma linhagem miscigenada. No evangelho de São Mateus capítulo 1:1-17, é dito que Salmom gerou de Raabe a Boaz; este, se casou com Rute, a moabita. Desse matrimônio surgiu Obede, que gerou Jessé; Jessé gerou Davi que por conseguinte veio a descendência de Jesus.

 Portanto, quero dizer para você que na minha opinião não existe "raça negra", "branca" ou qualquer que seja. O que existe é "raça humana". E essa raça humana é de uma beleza extraordinária, só fica feia, quando alguém resolve estragar o colorido.

 






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