Um nativo que se foi


Por Célio Barcellos

No sábado, 27 de maio, a comunidade itaunense sofreu uma grande perda: tombou à sepultura, o amigo Bernabet Maia. O Sr. Bernabet era o típico nativo da Vila. Filho de Manoel Maia e Esmeraldina Alves Batista, fincou raiz em seu próprio lugar. Natural da antiga Vila, de onde seus antepassados surgiram, não quis sair da região para um lugar ao Sol, mas prosperou em sua própria terra.

Casou bem cedo, aos 20 anos, com Maria Catarina, filha de Belarmino Carvalho da Paixão e Permínia da Paixão. Viveram juntos por 57 anos, até que a morte os separasse. Dessa união, surgiu a sua prole: Beth, Bernardino, Beatriz, Benilson, Brasileia, Brasil, Berlene, Maria Conceição e Sebastião (vulgo nenê, meu chapa de infância).

Como não me lembrar de Bernabet Maia! um moreno, de estatura mediana, bigode sempre feito, sistemático, de respostas sempre prontas e apesar da seriedade, era sorridente. Toda vez que nos encontrávamos, surgiam gargalhadas. Ele sempre se lembrava de minhas traquinagens de menino. Um incidente sempre presente era o seguinte: "Célio rapaz, que papé porco..."rsssss dizia sempre quando me via.

Essa frase se referia a uma ocasião em que eu cheguei da praia e chutei a bola com toda força na porta de minha casa. Meu avô saiu um veneno para saber quem havia feito uma desonra daquela. Para  a sua decepção, havia sido o próprio neto. Daí a frase do meu saudoso vovô: "Célio rapaz, que papé porco é esse? Que menino danado!" Mas foi uma bolada, que ao relembrar esse momento, caio na risada como agora ao escrever esse texto!

Apesar da seriedade do Sr. Bernabet, ele também era sem juízo. Certa feita, veja o que ele me aprontou: Era um domingo de manhã. Bernabet Maia, Nenê e mais alguém que não me recordo agora, estavam conversando na frente do quintal, à época, a casa dos Maia, ficava de frente para a minha casa. Eis que saio ao encontro deles e o Sr. Bernabet me desafia a subir no lombo de um jumento que estava naquele local. Eu tinha entre 11 para 12 anos. Ao pular no lombo do animal, eis que o bicho me joga no chão. O jumento era bravo e não havia sido amansado ainda. Oh vontade de pular no pescoço do Sr. Bernabet!

Mas, como os meus saudosos avós, João Pequeno e dona Valdemira haviam me ensinado, eu não poderia desrespeitar os mais velhos. Mas que deu vontade, isso deu! 

Certamente, quem conheceu o Sr. Bernabet e está lendo esse texto pode ser que tenha alguma história ou simplesmente a amizade para recordar. O fato é, que, a morte, situação real, porém nunca bem vinda, tira de nós pessoas que gostamos e aprendemos a respeitar.

Mesmo com pesar, quero dizer que a vida continua. Não está sendo nada fácil para dona Maria, seus filhos, seus netos e todos os familiares e amigos do Sr. Bernabet. Particularmente, ao chegar o próximo verão não verei mais o Sr. Bernabet, mas espero encontrar a família Maia unida e dando sequência ao trabalho do seu patriarca.

Como natural de Itáunas, cada vez que ouço a perda de um coterrâneo, fico muito sentido, pois afinal, é gente da minha terra. Estou escrevendo umas crônicas e memorias sobre a Vila e certamente, o nome da família Maia, estará presente.

Que Deus abençoe a família Maia! A quem eu estimo desde a minha infância. Que o Senhor Deus conforte a cada um de vocês!

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